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18 de novembro de 2016

Bicicleta nos Planos, UCB, o RuedaLab e a integração latino-americana

Nos dias 8 e 9 de novembro, em Bogotá, na Colômbia, aconteceu o RuedaLab, o primeiro Congresso Latinoamericano sobre Ciclismo Urbano.

Lá, Guilherme Tampieri, integrante da equipe da campanha Bicicleta nos Planos, apresentou parte da campanha e o relatório “Como está a Bicicleta nos Planos de Mobilidade Urbana no Brasil?”, desenvolvido como produto da campanha, que é realizada pela rede Bike Anjo, Transporte Ativo e UCB – União de Ciclistas do Brasil.

Como foi?

Iniciando-se no dia 8 de novembro, o Congresso teve a participação, nos dois dias, de mais de 100 pessoas.

Ao longo de dois dias, foram apresentados quase 30 experiências de instituições acadêmicas, organizações de ciclistas, pesquisadores, prefeituras e também do BID.

Os trabalhos foram desde experiências públicas de promoção do uso da bicicleta, em termos de gestão, até trabalhos sobre desenho industrial para desenvolver políticas de mobilidade por bicicleta mais cicloinclusivas. Entre essa gama enorme de apresentações, esteve o relatório “Como está a Bicicleta nos Planos de Mobilidade Urbana no Brasil?”.

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Aqui você encontra mais fotos do RuedaLab.

O relatório:

Após quase 1 ano de campanha, elaboramos o Relatório “Como está a Bicicleta nos Planos?” para compartilhar os resultados e aprendizados de toda campanha, desde as ferramentas utilizadas pelas organizações locais participantes da campanha até uma avaliação de alguns Planos de Mobilidade Urbana no Brasil, de modo a entender qualitativamente se a bicicleta está de fato presente nestes planos.

O Relatório possui alguns objetivos, dentre os quais vale destacar:

– Reunir informações sobre os Planos de Mobilidade Urbana (PMU) existentes no Brasil a respeito do uso de bicicletas;

– Compartilhar desafios enfrentados e lições aprendidas para a realização do projeto, tanto em relação ao Guia quanto em relação à campanha online e às atividades realizadas localmente.

Além desses, o Relatório, se somado ao Guia “Incluindo a Bicicleta nos Planos”, é uma fonte rica de informações, dados e processos que subsidiam tanto a inclusão da bicicleta nos Planos de Mobilidade Urbana como a avaliação do conteúdo dos Planos existentes no Brasil.

A UCB no RuedaLab

Durante o Congresso, podemos conhecer ainda mais experiências, iniciativas e pessoas que vêm, em várias partes da América Latina, promovendo o uso da bicicleta como modo de transporte em suas cidades, estados, regiões, países e em escala latinoamericana também. Nesse processo, a UCB foi convidada a inscrever e apresentar a campanha Bicicleta nas Eleições, recém realizada, no México, durante o 6º Fórum Mundial da Bicicleta.

Além desse reconhecimento, por inúmeras vezes, o Brasil, através da UCB, foi citado como o único país da América Latina que possui uma Associação/Federação nacional de ciclistas que continua, regularmente, suas atividades, campanhas e projetos.

Foi importante também a troca com o Subsecretário de Mobilidade da Argentina, para entender como vem sendo promovida nacionalmente a mobilidade ativa naquele país.

Por lá, também tivemos a oportunidade de avançar no discurso da necessidade de se ter uma (ou várias) organização latino-americana de ciclistas, como espaço para ser um espaço de intercâmbio de dados, práticas, experiencias cognitivas e outras tantas possibilidades, bem como também ser um agente de defesa, promoção e incentivo ao uso da bicicleta na região.

Além do Brasil, estavam presentes pessoas da Argentina, Colômbia, Chile, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e México.

¡¡¡ Vale lembrar que no próximo dia 24 de novembro a UCB completará nove anos !!!

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Roda de conversa no intervalo do RuedaLab

O que se pode esperar do RuedaLab?

É interessante pensar que o RuedaLab tem potencial para ser uma plataforma de pesquisa e intercâmbio de informações, dados, metodologias e boas práticas, conectadas a algum produto, sobre o uso da bicicleta como modo de transporte na América Latina.

Por quê? Recentemente, a América Latina como um todo vem produzindo estudos sobre esse tema, mas eles são, ainda, raros, generalistas e as metodologia são pouco (re)aplicáveis em outros lugares que não o país, região, estado ou cidade no qual foi produzido.

Estudos precisam ter dados, indicadores, pesquisas de percepção e outras fontes -informações para serem feitos. Aí temos um outro problema na América Latina: a incipiente produção de dados. Há cidades, como Santiago, Bogotá, Belo Horizonte e outras tantas, as quais há centenas de dados sobre mobilidade (um pouco menos sobre o uso da bicicleta, mas há), mas de forma geral, ainda carecemos de dados mais profundos e que digam respeito à percepção e desejos de quem pedala e sobre investimentos (causas e consequências) financeiros, materiais e humanos nas políticas de promoção e incentivo ao uso da bicicleta.

Mais recentemente ainda, tem se dado a produção de trabalhos acadêmicos no nível da graduação, mestrado e doutorado. No entanto, ainda são poucas as pessoas que se dispõem a estudar o uso da bicicleta nas diversas áreas de conhecimento com as quais o assunto pode se conectar (Logística Urbana, Engenharias, Saúde, Geografia, Histórica, Psicologia, Arquitetura e Urbanismo, Design, Educação Física, Gestão, Ciências Políticas, Relações Internacionais, etc) e na conexão entre elas (inter e multidisciplinaridade).

Ainda que exista tal produção, uma outra lacuna que se tem na América Latina é a troca de perspectivas sobre esses estudos (revisões bibliográficas, análises, produções de artigos analíticos), que podem se dar em ambientes virtuais ou presenciais (como o RuedaLab em Bogotá).

Nesse sentido, compreendo que há ainda se necessita:

  1. Construir e definir, coletiva e colaborativamente, as múltiplas identidades do RuedaLab (social, política, de visão, de missão, etc);
  2. entender melhor sobre as funções e o papel que este grupo de pessoas e organizações quer desenvolver;
  3. buscar mais articulações na América Latina, especialmente em áreas e grupos historicamente excluídos e negligenciados dos processos de construção política, econômica e social;
  4. criar espaços de fala para esses grupos dentro do RuedaLab e seus eventos;
  5. articular com novos atores que vêm atuando na promoção do uso da bicicleta como modo de transporte nos diversos setores sociais, especialmente na sociedade civil organizada (movimentos sociais, institutos de pesquisa, associações , etc);
  6. ter uma agenda de ações minimamente estabelecida de forma conjunta, no sentido de dar sustentabilidade institucional.

Tais dados, estudos e informações, se produzidos, discutidos, reavaliados e compartilhados com a sociedade, são insumos para aumentar a transparência da gestões públicas sobre o planejamento e gestão das políticas públicas, detectar irregularidades e falhas nesse processo, contribuir na formulação de programas, projetos e medidas específicas e na compreensão do empenho de recursos públicos e privados, em termos materiais, financeiros e orçamentários, além de possibilitar o monitoramento de progressos ou estagnação por parte dos diversos níveis de governo existentes na região.

+ Informações

O que é o RuedaLab?

É uma plataforma, a nível latino-americano, que tem como fim o compartilhamento e a troca de visões, conhecimentos, habilidades, experiências e boas práticas sobre o uso e a promoção da bicicleta como modo de transporte na região.

missão do RuedaLab é consolidar um espaço onde se incentive o uso da bicicleta como modo de transporte na escala latino-americana, que tem como visão ser um encontro anual que crie bases sólidas para a tomada de decisões e de planejamento nas cidades latino-americanas para o uso massivo da bicicleta.

Qual o público-alvo?

O RuedaLab está direcionado a pesquisadores, acadêmicos e tomadores de decisões para que esses tenham mais acesso a informações e as considerem durante o planejamento e a execução de projetos correlatos à bicicleta como modo de transporte.

Nesse link você encontra o estatuto do RuedaLab, em espanhol, que está em processo de construção/reavaliação.

“Me interessei! Quero fazer parte.” Saiba como:

A quem se interessou pelo que foi apresentado do RuedaLab, é possível entrar em contato com via info@ruedalab.net. Agora que o Congresso passou, é preciso escrever para esse e-mail solicitando informações de como fazer parte do Comitê, saber sobre futuros eventos (não há nada marcado, por ora!), enviar artigos acadêmicos, pesquisas e participar de outras formas.

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