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19 de maio de 2017

A experiência da Pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro 2015 no FMB6

Por meio de um edital, em parceria com o Itaú, a UCB conseguiu viabilizar a ida de seis* pessoas para o 6º Fórum Mundial da Bicicleta, que aconteceu na Cidade do México, entre os dias 19 a 23 de abril, para que elas pudessem apresentar seus respectivos trabalhos desenvolvidos no Brasil. Nos próximos dias, serão publicados os sete** relatos dessas pessoas, para as informações sobre o Fórum cheguem em mais gente.

Por Juciano Martins Rodrigues – Pesquisador do Observatório das Metrópoles, Coordenador Científico do Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob/UFRJ). Doutor em Urbanismo com pós-doutorado em Planejamento Urbano e Regional.

Com o apoio da UCB tive a oportunidade de participar de duas atividades específicas no Fórum Mundial da Bicicleta. A primeira, na modalidade painel, apresentei junto com Blé Binatti, da Transporte Ativo, e Victor Andrade, coordenador do Labmob/UFRJ, a experiência da Pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro 2015 e os objetivos da próxima edição da pesquisa, que será realizada agora em 2017.

Foi um momento muito especial, pois tivemos a chance de discutir com outros participantes a possibilidade – que tem se mostrado virtuosa – de interação e parceria entre universidade e socidade civil organizada para a produção de conhecimento sobre a mobilidade por bicicleta.

Em um segundo momento, já no sábado dia 22 de abril, participei de uma atividade na modalidade “ponencia”, apresentando o trabalho “A bicicleta nas estatísticas públicas no Brasil”. Trata-se de uma reflexão realizada a partir de levamento em fontes de dados públicos no Brasil, especialmente do IBGE.

Essa reflexão, na verdade resultados parciais de  uma pesquisa sobre a Economia da Bicicleta que estamos desenvolvimento no Labmob, parte do pressuposto de que a informação estatística é fundamental para a formulação e o monitoramento de políticas públicas.

Apresentação de Juciano

Apresentação de Juciano

Esses resultados parciais têm evidenciado, até agora, que, apesar do reconhecido avanço do sistema estatístico nacional, com pesquisas cada vez mais periódicas e abrangentes, tanto do ponto de vista temático quando territorial, ainda é  escasso a produção de informação e conhecimento sobre mobilidade urbana no país, em especial sobre a bicicleta e demais meios ativos.

Ao mesmo tempo, sabemos que milhares de pessoas utilizam a bicicleta todos os dias. Para trabalhar, ir para a escola ou, ainda, encontrar amigos e realizar compras. Tornar esses ciclistas visíveis aos olhos da sociedade como um todo e, especialmente, para os responsáveis pelas políticas públicas de trânsito e transporte é um desafio contante daqueles que acredintam que pondemos viver em cidades mais justas, seguras e ambientamente sutentáveis. Sem dúvida a podução de informação e conhecimento é uma etapa fundamental dessa luta.

Os ingrendientes dessa luta fizeram a Cidade do México, durante o fórum, respirar a cultura da bicicleta, o que viabilizou o encontro –  as vezes rarefeito – entre ativistas, pesquisadores e agentes púbicos. Para mim, enquanto pesquisador, notar a preocupação conceitual e metodológica por parte de ativistas e o reconhecimento da ação por parte de pesquisadores tornou a experiência ainda mais enriquecedora.

Tudo isso só foi possível graças ao ambiente de diversidade e de encontro contruído no Fórum, convergindo ideias, demandas sociais e políticas de país tão diferentes em torno da mobilidade ativa.

Assim, foi impossível não pensar que estávamos tratando o tempo do direito à cidade. Direito à Cidade pensado como nos termos do geógrafo David Harvey. Ou seja, é muito mais que o direito ao acesso individual e grupal ao recursos representados pela dimensão material da cidade, é um direito de mudar e reinventar a cidade de acordo com nosso próprios desejos.

No final, o resultado não poderia ter sido melhor, pois esse desejo – expresso pelo lema do FMB6 (Ciudades hechas a mano!) – parece ter sido definitivamente encarnado pelos participantes.